Thursday, March 17, 2011

Traduções Livres III

Finja estar sozinho

Somos apenas os macacos que caíram das árvores;
Somos uma praga sobre a terra.
Não somos as flores, mas as ervas daninhas no prado.

O amor é apenas uma forma de procurar a nós mesmos
Quando não queremos viver sozinhos.
Portanto, entre no vazio, rasgue suas roupas e nasça novamente.

Finja estar sozinho agora e que tudo se foi;
Somente reflexos animais, não há ninguém olhando.
Esqueça a moda, esqueça a lei,
Finja estar sozinho agora.

Imagino o que eu faria se pudesse acordar toda manhã

Dando um novo começo.
Esbanjaria pelas cidades, correria pelas vilas,
Porque não haveria negócios para resolver.

Então liberte-se das jaulas,

As delicadas estruturas nas quais apoiamos nossas vidas.
Porque somos apenas os macacos
Que caíram das árvores ao tentar voar.

Finja estar sozinho agora e que tudo se foi;
Somente o desejo primitivo, sem certo ou errado.
Esqueça o futuro, esqueça a culpa.
Finja estar sozinho agora.

Ela não está esperando pelo amanhã
E ela não tem amor em seu olhos.

Essa não, eu quero descer agora mesmo!
Caia fora, eu quero sair agora mesmo!

Finja estar sozinho agora e que tudo se foi;
Somente reflexos animais, não há ninguém olhando.
Nada de religião, nada de vergonha,
Só finja estar sozinho agora.

Nenhum número em seu telefone agora,
Não há nada acontecendo;
Somente o desejo primitivo, sem certo ou errado.
Nada de moda, nada de fama,
Finja estar sozinho agora.

Só finja estar sozinho agora.


Canção:
Pretend That You're Alone.

Artista: Keane.
Composição: Chaplin, Hughes, Rice-Oxley.

Retirado do álbum Perfect Symmetry, lançado em outubro de 2008.



Gosto muito do jeito "Rice-Oxley" de escrever músicas, principalmente pela forma direta e sincera como ele aborda os temas (poderia ter escrito uma tradução para We Might As Well Be Strangers, uma das minhas favoritas). É a objetividade da qual às vezes sinto falta em tantos outros compositores, que acabam escrevendo versos obscuros ou subjetivos demais para a nossa compreensão.

Particularmente não sou muito fã desse tipo de filosofia "dane-se o mundo, vou viver a vida", em que se tem apenas a intenção de satisfazer os próprios desejos e ambições, sem se preocupar com as consequências e responsabilidades que um cidadão possui dentro de uma sociedade. A música, embora incite o ouvinte a pensar a respeito, não faz qualquer apologia a essa linha de raciocínio (pelo menos eu acredito que não), visto que a própria admite: we are blisters on the earth, we are not the flowers, we're the strangling weeds in the meadow. Logo de início há uma retratação, uma admissão daquilo que nós, seres humanos, representamos para o mundo.

No entanto, ainda há um detalhe que muito me chama a atenção: a ideia de se despir, usada claramente de forma conotativa, e esquecer de tudo que está à sua volta, o mundo e os problemas, nascer de novo. É como se houvesse a intenção de se desestressar, tirar toda aquela tensão que se acumula no dia-a-dia - em casa, no trabalho, na cidade, no trânsito - para então se renovar.

É uma fuga que todos nós, em algum momento, necessitamos e até procuramos fazer; às vezes tudo de que precisamos é esvaziar a mente e viver apenas o presente, sem pensar no futuro ou se apegar ao passado. Alguns infelizmente o fazem com bebidas ou drogas; Rice-Oxley e Cia. provavelmente devem ter encontrado sua fuga na música - como eu e tantos outros em seus momentos de fadiga ou saturação.

Outrora disse Bono Vox: music is our miracle drug. Seria mais ou menos isso.

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