Wednesday, November 2, 2011

Album Review #6



Álbum: The Bends
Artista:
Radiohead

Ano:
1995

Selo:
Parlophone

Nota:
9,45

Pontuação:
112



Às vezes fico imaginando o que se passou pela cabeça das pessoas ou o que elas sentiram ao ouvir este álbum pela primeira vez, depois de construir todo um conceito sobre a banda, baseado na sonoridade de seu primeiro álbum, Pablo Honey. Deve ter sido uma grande surpresa, como foi para mim. E ainda que The Bends não tenha sido o primeiro álbum do Radiohead que eu ouvi, nem mesmo o segundo, o seu impacto foi inevitável.
Ele se diferencia (e muito) de seu antecessor pela riqueza e variedade nos arranjos e nas melodias. Aqui, Yorke está em sua melhor fase, com um vocal característico, ora incisivo, ora tênue, com os falsetes e vibratos pelos quais ficou conhecido.





Em dois anos, a banda passou por um importante período de transição e amadurecimento, imprevisível para quem era visto como um "one hit wonder". À sombra de Nirvana, a banda havia se lançado ao mundo com Creep, peça central de Pablo Honey. Conseguira reconhecimento, mas os críticos não os viam como um futuro tão promissor para o rock britânico. Havia incertezas quanto ao próximo passo a ser dado. E The Bends foi a resposta. Uma resposta que os convenceu definitivamente
.


Notas Individuais das Canções:


10 - Planet Telex

09 - The Bends

10 - High & Dry

10 - Fake Plastic Trees

09 – Bones

09 - (Nice Dream)

10 – Just

09 - My Iron Lung

09 - Bullet Proof... I Wish I Was

09 - Black Star

08 – Sulk

10 - Street Spirit (Fade Out)



"You can force it but it will not come..." Esta entrada logo me fez pensar: "este álbum parece ser bom". Dizem que a primeira impressão é a que fica. Tive, pois, uma ótima primeira impressão da obra, impressão que ficou marcada até hoje.

Se o space rock de Planet Telex já cativa logo de ínicio, a faixa que leva o título do álbum vai rendendo ainda mais o ouvinte. Quando o peguei para ouvir, a minha intenção, a princípio, era só um "preview". "Depois eu o ouço o resto com mais calma", imaginei. Mas não deu certo. Ou melhor, deu mais que certo. Foi irresistível. The Bends é poderosa, não deixa nem um pouco a peteca cair. Muito pelo contrário, deixa a experiência ainda mais interessante.





A essa altura, já conhecia High & Dry e Fake Plastic Trees, dois dos grandes sucessos da banda, as duas músicas mais apropriadas para as rádios. Com ótimos arranjos e trocadilhos, compõem uma sequência coerente, e constituem a seção mais forte do álbum. Até porque não precisa ser fã do Radiohead para admirá-las.

Sem deixar de dissertar sobre Fake Plastic Trees (e sem falar de seu instrumental arrebatador), a linguagem figurada, cheia de elementos falsos - de mentira, como nós brasileiros falamos - cria um ambiente ainda mais dramático, fazendo uma crítica indireta aos valores e padrões que impomos em nossas mentes e sobre a sociedade, e como somos hipnotizados por eles. Por último, Yorke ironiza o próprio amor: "she looks like the real thing, she tastes like the real thing, my fake plastic love."



Bones
possui uma abordagem parecida com The Bends, só que com um ritmo mais lento, sem perder a agressividade do bom rock. O trêmolo de velocidades variantes, conduzido por Jonny mui sabiamente, dá um toque peculiar à canção. O vocal de Thom, então, é indiscutível.



A próxima canção, cujo nome é merecido - (Nice Dream) - me faz imaginar um mundo em perfeito equilíbrio, que se desmancha no simples toque de descuido. "She said that she would love to come help, but the sea would electrocute us all." Percebe-se de imediato a situação delicada. Ela pode parecer quebrar um pouco a tensão - aliás, trata-se de um belo sonho - mas não se engane: nada mais passa do que um sutil feixe de luz no universo sombrio de Yorke. A estiagem antes da tempestade.


Enfim, chega o que considero a sua parte mais veemente: a sequência das canções Just e My Iron Lung. A primeira é um hino da banda. A segunda foi eleita uma das 100 melhores canções de guitarra pela Rolling Stone, ocupando a 52ª posição. Creio que o motivo seja o seu dinamismo: ela começa lenta, calma, envolvente e termina tão devastadora quanto a anterior.

Ambas expressam ao meu ver o verdadeiro termo da palavra "grunge". Não houve escrúpulo qualquer ao escolher as palavras, mas essa era a verdadeira intenção. "If you're frightened, you can be frightened, you can be, it's ok".



Em Bullet Proof... I Wish I Was - o que de fato o eu-lírico deve ser, por tanta provação que ele passa - abandona-se novamente a ira das guitarras de overdrive e distorção, para dar lugar à serenidade dos delays, reverbs e o violão cristalino. Sua melodia é brilhante e contemplativa, cria um ambiente onírico, por assim dizer; o tema - se o amor pode torturar uma pessoa, esta é uma bela maneira de expressá-lo.



Black Star
, apesar do retorno ao som das guitarras saturadas, é uma canção mais moderada, o ponto de equilíbrio entre a fúria e a calma. Interessante como o drama de um relacionamento é apresentado aqui; eu diria que Yorke deixa um pouco de lado o seu excentrismo e assume uma dialética mais cotidiana e acessível. É uma situação que facilmente se encaixaria na vida de muitas pessoas.





Em Sulk, assim como anteriormente em (Nice Dream), o compasso de 6/8 é utilizado. Ela tem muito a oferecer, (fico imaginando uma mistura de R.E.M. com Jeff Buckley, duas fontes de inspiração da banda), mas acaba se tornando menor quando junto das irmãs, sendo por isso a música mais fraca do álbum na minha avaliação.


"Immerse your soul in love". Adoro este verso, o último do álbum. Street Spirit (Fade Out) é outra grande canção. Curioso também é o seu videoclipe - pessoas e objetos se mexendo em câmera lenta enquanto Yorke canta em velocidade natural. Pode até ser uma técnica simples, mas desperta a atenção de quem o flagra. É, no mínimo, interessante. A canção é triste, um tanto depressiva eu diria, mas encerra o álbum dignamente.

Obs: Este post foi reescrito e republicado.


Veja também:

Album Review #1 - Achtung Baby (U2)
Album Review #2 - Forth (The Verve)
Album Review #3 - Get There (Boa)
Album Review #4 - High Violet (The National)
Album Review #5 - Bloodflowers (The Cure)

3 comments:

  1. Sem muitas palavras. Adoro esse álbum.

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  2. Ouvi o Grace do Jeff Buckley há pouco tempo atrás. Ele era mesmo um cara talentoso, com uma voz inigualável. Last Goodbye é a minha preferida. Quanto ao Joy, logo logo chego lá. ^^

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  3. Que legal, =D.
    Já eu não sei qual a minha favorita, rsrs. Last Goodbye, Grace ou Mojo Pin. E adoro o cover de Lilac Wine, e gosto muito de Eternal Life e So Real.
    Se prepare para o Joy, é bem triste, rsrs, ou seja, muito bom, hihi.

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