Nando Reis e os Infernais - 07 de setembro

Walter Villaça, Alex Veley e Nando Reis (por Vitor Salemo)

“A cavalo dado não se olha os dentes.”

É o que eu penso ao ver tantas pessoas reclamando da performance de Nando Reis e os Infernais na cidade de Mogi Mirim, interior de São Paulo, no dia 07 de setembro, em comemoração a 189 anos de Independência.

O evento foi promovido pela prefeitura da cidade, que deu o show de graça para a população. O leitor sabe que este blogueiro já foi em diversas apresentações, de nomes de peso da música internacional como U2, Scorpions, Coldplay e Radiohead. Então, supõe-se que ele saiba o que significa ir em um show de qualidade.

foto por Kebar Zivo

Sim, eu fiquei bem perto do palco, em uma distância que talvez eu nunca tivesse ficado em uma apresentação - quiçá o Keane em 2007. E como já experimentei várias posições: pista de perto, pista de longe, arquibancada, plateia superior, etc, etc, posso dizer com certa convicção que quanto mais perto melhor, pelo menos no que concerne à energia e à interação.

É claro: é impossível agradar a gregos e troianos. Então, é absolutamente natural que haja quem não tenha gostado. Porque eu gostei.

Nando e Micheline Cardoso (por Kebar Zivo)

Do Bailão do Ruivão várias canções foram executadas, como Whisky a Go Go, Fogo e Paixão, Muito Estranho, Gostava Tanto de Você, Bichos Escrotos, o sertanejo Nuvem de Lágrimas, e até Severina Xique-Xique, seguida de Você Não Vale Nada. Para quem não conhecia o repertório, deve ter achado estranho. Para um show de graça, muitos foram de curiosidade; outros foram para ouvir mais os sucessos de Titãs e outras composições famosas do artista, que aliás não faltaram no setlist.

Nando Reis e os Infernais (por Kebar Zivo)

Quando cheguei ao local do show, no Complexo do Lavapés, era perto das 8h da noite. O início estava marcado para as 8h e meia. Achei que fosse encontrar o lugar lotado. É verdade que havia muita gente, mas perto do palco, instalado na pista de kart, havia tão somente um pequeno aglomerado.

Alex, Nando, Micheline e Hannah Lima (por Kebar Zivo)

Aquilo me deixou tranquilo, porque eu estava determinado a tirar algumas fotos para publicar junto com este post. Portanto, sentei na grama (havia feito uma caminhada longa) e descansei por quase meia hora, até que, percebendo que o volume de pessoas havia aumentado, me dirigi para perto do palco.

Diogo Gameiro (por Vitor Salemo)

O show começou com uns 15 ou 20 minutos de atraso. A primeira canção foi Sou Dela, que animou o público. E não muito depois já executaram Do Seu Lado, um de seus maiores sucessos.

foto por Kebar Zivo

Em algum momento, ainda no início da apresentação, Nando Reis foi atingido pelas costas por uma pedra de gelo, se não me falha a memória. Aquilo irritou o cantor (com muita razão), o que o obrigou, ao terminar a música que estava em execução, a dar uma bronca pelo microfone.

Detalhe: em seu pequeno discurso, Nando não deixou de reconhecer a calorosa recepção da plateia. Elogiou o público que lhe assistia, dizendo que não havia se apresentado para tanta gente. É verdade, ele disse alguns palavrões (o que não me surpreendeu em nada), mas a mensagem dele foi bem clara, não com essas palavras, mas algo do tipo: “vocês eu sei que estão curtindo o show numa boa, só que tem uns idiotas sem educação que não sabem aproveitar o momento”, e citou a apresentação que fez em Sorocaba no dia anterior, em que conseguiu reunir a família, algo muito especial para ele. Com os seus argumentos, Nando foi ovacionado.

Nando e Felipe Cambraia (por Kebar Zivo)

Ouvi dizer que algumas pessoas acharam-no mal-educado. Só não sei se referiram ao momento da pedra de gelo ou quando, exaltado, não me lembro ao certo em que música, Nando enfiou o microfone dentro da calça, onde fica o “cock”, e saiu dançando pelo palco, deixando muita gente estarrecida.

foto por Vitor Salemo

O show teve diversos pontos altos, dignos de nota: performances comoventes de sucessos como Luz dos Olhos, Relicário, Por Onde Andei e Não Vou Me Adaptar. A banda, muito competente, conseguiu transferir doses cavalares de adrenalina aos instrumentos, fazendo do desfecho de cada uma dessas canções um clímax extático.

foto por Kebar Zivo

Mas a melhor parte do show mesmo foi na sequência Cegos do Castelo, uma das mais esperadas da noite, seguida de O Segundo Sol. Nessa hora, Nando Reis teve, como era de se esperar, o coro da plateia cantando cada verso. Para quem entrou no clima, não tinha como achar tudo aquilo ruim.

foto por Kebar Zivo

E não havia terminado por ali: logo em seguida, tivemos outra excelente performance de Marvin. Em seu final, Nando apresentou cada membro da banda, e ao encerrar, deixaram o palco para que, pouco tempo depois, Nando, só ele e o violão, após enxurrar o público de elogios, cantasse o hit Pra Você Guardei o Amor.